Estatísticas de habacuque

21-03-2013 12:10

 

 

                                                   HABACUQUE

 

 INTRODUÇÃO:

 

Entre os famosos Rolos do Mar Morto, descobertos na primeira caverna

 

de Qumram em meados do século passado, encontra-se um manuscrito

 

de Habacuque, contendo os capítulos 1 e 2 de sua profecia. Os

 

especialistas afirmam que o manuscrito teria sido escrito perto do fim

 

do primeiro século a.C. Isso o torna o manuscrito hebraico mais antigo

 

do livro de Habacuque de que se tem notícia. (Alexandre Coelho ).

 

 

Estatísticas:

35° livro da Bíblia; 3 capítulos; 56 versículos; 12 perguntas; uma ordenança; nenhuma

promessa; 20 predições; 11 versículos de profecias; 2 mensagens distintas de Deus (1.5; 2.2).

 

  O Profeta

 

As informações sobre Habacuque estão limitadas ao livro que traz seu nome. Duas referências atribuem o oráculo que o autor viu (1.1) e a oração que fez (3.1) ao profeta Habacuque. A única e bem clara referência histórica nesse livro foi feita aos caldeus (1.6) e fornece a base para determi­nar a época desse profeta como próxima do final do século VII a.C.

Provavelmente Habacuque tenha sido teste­munha do declínio e da queda do Império Assírio. Também pode ter conhecido a der­rota de Nínive em 612 a.C. e pode ter estado ciente do crescente poder dos babilônios quando essa mensagem lhe foi revelada. As condições prevalecentes em Judá, depois da morte de Josias em 609 a.C., e antes da in­vasão dos caldeus em 605 a.C., tornam esse período muito favorável como a data da pro­fecia de Habacuque. 

O conhecimento que possuímos sobre a pessoa de Habacuque é muito pouco. O livro menciona apenas o nome do profeta e, na Bíblia, ocorre somente aqui. Há tradições que em grande medida são fantasiosas, mas, talvez, haja alguma partícula de verdade histó­rica. Até a derivação de seu nome admite várias possibilidades.

 

Primeiramente, o nome é bem parecido com a palavra assíria humbalcuku, que é o nome de uma flor. Também está relacionado com a palavra hebraica que significa “aper­tar” ou “abraçar”. Este ponto de vista foi sustentado por Jerônimo e mantido por Martinho Lutero, que o verteu a uma interpretação interessante: “Ele abraça o seu povo e o leva nos braços, ou seja, o consola e o levanta, como alguém que abraça a criança ou pessoa chorona para acalmá-la com a garantia de que, se Deus quiser, tudo vai melhorar”.

 

Jerônimo interpretou o nome de forma a indicar o amor do profeta por Deus ou que discutiu com Deus para fazer alegações lógicas e persuasivas. A tradição rabínica tam­bém é de opinião que “abraçar” é o sentido do radical de seu nome, e apresenta Habacuque como filho da mulher sunamita que Eliseu restaurou à vida (2 Rs 4.16-37). Isto está parcialmente baseado na possibilidade de que a forma abstrata do nome signifique “que­rido”, “pessoa bem amada”. Mas aqui estamos no reino da imaginação.

 

De 3.19, conjectura-se que Habacuque tinha qualificações oficiais para tomar parte no canto litúrgico do Templo, ou seja, era integrante do coro do Templo. O arranjo musi­cal do capítulo 3 apóia esta opinião. Neste caso, pertencia a uma das famílias dos levitas que tinha a incumbência de cuidar da música do Templo.

 

Habacuque é exemplo da ocorrência rara em que um dos profetas é chamado “o profeta” (1.1, nabi). Este título nos leva a crer que as pessoas reconheciam que era um profeta profissional.

 

Há outra fonte de informação intitulada Leis dos Profetas. Data de cerca de fins do século IV, mas de autoria incerta e de texto considerado bastante ambíguo. Esta obra relata que, quando Nabucodonosor veio contra Jerusalém, Habacuque fugiu para um lugar chamado Ostraquine, no litoral egípcio. Depois que os caldeus foram embora, vol­tou para sua pátria, onde morreu e foi enterrado, dois anos antes dos judeus exilados voltarem da Babilônia em 537 a.C.                                                     

 

O LIVRO DE HABACUQUE 

 
A singularida­de desse livro pode ser reconhecida por cau­sa de duas características diferentes. Em primeiro lugar, Habacuque registra seu diá­logo com Deus, no qual levanta problemas teológicos e ouve as respostas. Além disso, o capítulo 3 tem a forma de um salmo com ter­mos musicais anotados no primeiro e no úl­timo versículo.

 

A mensagem de Habacuque pode ser resu­mida da seguinte forma:

 

I.     Por que Deus Tolera a Violência? (1.1-4)

 

II.   Os Caldeus Irão Trazer o Castigo a Judá (1.5-11)

 

III.  Por que os Gentios Deveriam Ser Usa­dos para Castigar o Povo de Deus? (1.12-2.1)

 

IV.  O Justo Confia na Justiça de Deus (2.2-20)

 

V.    Oração de confiança e louvor (3.1-19) Por meio da oração, Habacuque (q.v.) faz um apelo a Deus a respeito da violência, injusti­ça, destruição e indiferença aos ensinos da lei que prevaleciam em Judá. Ele não podia entender porque um Deus justo poderia to­lerar isso. Quando Deus respondeu, indican­do que os invasores caldeus iriam trazer cas­tigo aos culpados cidadãos de Judá, Haba­cuque ficou ainda mais preocupado. Será que os caldeus, cujo poder estava em seu deus, teriam permissão de castigar os judeus que, na verdade, eram menos pecadores que es­ses invasores pagãos? Na resposta, Habacu­que é convidado a registrar que no final os pecadores iriam cair, mas que os justos vive­riam pela sua fé e fidelidade. O justo não deveria tirar conclusões baseadas em uma limitada perspectiva temporal, mas deveria esperar e contemplar o resultado final. Os iníquos que o rodeavam - agressores, mal­feitores, assassinos, trapaceiros e idólatras (2.6-19) - no final iriam perecer, enquanto os justos iriam viver, pois o Senhor está em seu santo Templo. Portanto, toda a terra deve ficar em silêncio perante Ele (2.20).

 

Na oração em que faz um apelo a Deus para que em sua ira lembre-se da misericórdia, o profeta expressa seu louvor e ações de graças a Deus. Ele está determinado a continuar dessa maneira, mesmo que tudo que é tem­poral venha a se extinguir.

 

Um midrash, ou copientário sobre o livro de Habacuque, foi encontrado entre os Rolos do mar Morto na Caverna 1 de Qumrã. Aparen­temente, foi escrito por um sectário judeu da Palestina que interpretou os dois primeiros capítulos à luz da história da seita de Qumrã. Ele não oferece muitos esclarecimentos quan­to ao significado da profecia.

 

A teoria atual adotada por muitos estudiosos do AT diz que o capítulo 3 não fazia parte do livro original. Mas o fato de o comentário de Qumrã não incluir esse capítulo não é sufici­ente para provar essa teoria. Como o capítu­lo 3 tem a forma de um salmo, ele não serve para esse uso, como aconteceu com os dois primeiros capítulos do midrash. Existe a pro­babilidade deste comentário nunca ter sido concluído. A LXX tem os três capítulos e não existem provas para negar que o profeta te­nha composto um salmo em louvor e ação de graças. Os escritos dos profetas tinham, fre­quentemente, uma intensa forma poética.

 

O Período

A mensagem de Habacuque não está limitada a tempo; contudo, sua época levanta as perguntas que ele faz. Era contemporâneo do profeta Jeremias, cujo livro é datado tradicionalmente ao redor de 600 a.C., não muito tempo antes do cativeiro babilônico em 586 a.C. A questão da data é mais importante no estudo deste livro do que em muitos outros. Na realidade, está estreitamente relacionada com a interpretação da mensagem. Se conseguíssemos determinar conclusivamente quem eram os povos que preocupavam Habacuque, poderíamos situá-lo historicamente com mais precisão. Este é um dos problemas complicados do Antigo Testamento. Não há fonte extrabíblica pela qual possa­mos definir quem eram os inimigos. Esta falta obriga o estudante a depender totalmente do teor da profecia, o que está longe de ser conclusivo. O principal problema é identificar

0  “ímpio” a quem denuncia no primeiro parágrafo (1.4). O único consenso geral sobre a data é que o livro está situado entre 697 e 586 a.C.

Os rolos do mar Morto, coletânea de escritos descoberta em 1947/1948 nas proximi­dades do mar Morto, exercem muita influência em grande parte do estudo do Antigo Testamento. Entre os documentos, há um comentário sobre o livro de Habacuque. Este comentário é considerado a prova mais antiga “do texto de Habacuque talvez por muitos séculos”. Os estudiosos o datam no século I a.C. Por conseguinte, tem grande peso nas interpretações mais recentes de Habacuque.

Taylor destaca três questões, as quais afirmam que os rolos do mar Morto elucidaram:

1)  O capítulo 3 não era parte original do livro. O comentário só tratou dos capítulos

1  e 2; nada fala sobre o capítulo 3. A maneira como o livro foi enrolado invalida a objeção de que o capítulo 3 tenha sido arrancado. Isto não quer dizer que Habacuque não foi o autor do capítulo 3. A posição de J. H. Eaton é que o profeta o compôs mais tarde como salmo litúrgico e, subsequentemente, o acrescentou à obra original. E plausível.

2)  O uso do nome “caldeus” em 1.6 é genuíno. Este era um dos principais pontos de debate. Ao considerar uma palavra estreitamente relacionada como substituto (chittim), certos expositores esforçaram-se em interpretar que os vingadores que o Senhor utiliza­va eram os gregos de Alexandre, o Grande. O comentário encontrado entre os rolos do mar Morto teria tido toda razão em usar esta palavra substituta, mas retém a leitura tradicional. Pelo visto, isto é bastante decisivo em limitar a interpretação da passagem ao período dos caldeus.

3)  O livro de Habacuque teve muitos textos variantes até o século I a.C. Isto permite que as numerosas pretensas composições ao longo dos anos foram examinadas exausti­vamente por muitos estudiosos. E óbvio que este texto variou ao ser copiado, mas grande parte das alterações nas passagens para se ajustar às várias teorias é bastante arbitrá­ria e imaginativa.

Os Problemas

Dois problemas incomodam o profeta. Ambos têm a ver com a maneira com que Deus lida com os homens. Habacuque é um dos poucos que foram ousados em argumen­tar e discutir com Deus. Talvez o versículo fundamental seja 2.1: “Sobre a minha guarda estarei, e sobre a fortaleza me apresentarei, e vigiarei, para ver o que fala comigo e o que responderei, quando eu for arguido”.

A resposta crucial está em 2.4b: “Mas o justo, pela sua fé, viverá”.

SINOPSE DE HABACUQUE

O livro começa com o profeta em um estado de perplexidade sobre o mistério da maldade não castigada no mundo.
Os dois primeiro capítulos são principalmente um dialogo entre Habacuque e Deus.

1- O profeta se queixa perante Deus da violência pecaminosa em toda parte, e que nenhum castigo é infligido aos ímpios, (1.1-4).

2- Recebe uma resposta que revela o plano divino de uso dos babilônios (caldeus) como um instrumento de juízo terrível contra as nações perversas, (1-5-11).

3- Para o profeta o problema moral não tem sido respondido. Como pode um Deus santo usar a estes pagãos perversos para destruir gente mais justa que eles? (1.12-17).

4- O profeta sobe em sua fortaleza para observar o mundo. Recebe a resposta de que o propósito do Senhor será cumprido em breve, e é animado a esperar esse cumprimento (2.1-3). Ouve de Deus a frase que tem sido um dos lemas da Igreja Cristã “O justo viverá pela fé” (2.4b)

5- Contente com a nova luz recebida, o profeta escreve uma série de cinco maldições: contra a

Falta de honradez (2.6); Ganância (2.9); Construção sobre derramamento de sangue (2.12); Libertinagem (2.15) e Idolatria (2.18-20).

6- Finalmente pronúncia uma oração lindíssima (o salmo de louvor) no qual fala da majestade e da glória do Senhor e declara a sua inteira confiança nos planos divinos, (3.1-19).


CONCLUSÃO:

Habacuque é uma riqueza enorme e de uma profundidade teológica ímpar. Refletir sobre ele sempre me comove. Como terminar este estudo? Creio que a melhor maneira de fazê-lo é com suas próprias palavras, como ele encerrou seu livro: “Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado, todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é minha força, ele fará os meus pés como os da corça, e me fará andar sobre os meus lugares altos” (3.17-19).